sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sangue Negro




Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) e seu filho HW (Dillon Freasier) sobrevivem da incansável busca por ouro e prata. Até que eles descobrem, em uma pequena cidade no Oeste dos Estados Unidos, que o petróleo é farto e ainda não explorado. Daniel Plainview precisa convencer os moradores da cidade a vender as terras para ele e para o filho. Lá eles encontram o pastor Eli Sunday (Paul Dano), uma espécie de porta-voz dos habitantes e que vai ter um importante papel na busca interminável pelo petróleo.

A ideia central de Sangue Negro é, basicamente, a ambição. O filme é um estudo e um questionamento sobre até onde o homem é capaz de ir para alcançar glória, fortuna e reconhecimento. E o diretor Paul Thomas Anderson trata dessa questão utilizando mais imagens que diálogos; lembrando muitas vezes o estilo de Sergio Leone de filmar: as longas tomadas, a preferência pela imagem e a necessidade de fazer com que o espectador entenda os sentimentos de solidão e a aridez do deserto onde a trama se desenrola.

A Sangue Negro foi considerado por muitos críticos como o filme do ano e como revolucionário, chegando a ser comparado à importância que Cidadão Kane (Orson Welles) teve para seu tempo. Apesar de não concordar muito, Sangue Negro pode ser sim considerado um novo clássico, mas não tão inovador quanto algumas pessoas o classificam. Se for para estabelecer comparações A Sangue Negro se encaixa muito mais no estilo de Era Uma Vez no Oeste (Sergio Leone), de Assim Caminha a Humanidade (George Stevens) e de O Tesouro de Sierra Madre (John Huston).

Alguns aspectos mais elogiados do filme são a fotografia e a trilha sonora; sendo que a fotografia foi responsável por um dos dois Oscar que Sangue Negro foi indicado. Robert Elswit conseguiu ótimos enquadramentos e captou toda a imensidão do deserto e a solidão das duas personagens principais. Mas se a fotografia foi elogiada, a trilha sonora composta por Jonny Greenwood, guitarrista da banda de Oxford, Radiohead. As músicas de Sangue Negro receberam o prêmio de contribuição artística do Festival de Berlim.

Saindo dos aspectos técnicos do filme, o ator Daniel Day-Lewis é, sem dúvida, o melhor de Sangue Negro. Sua personagem já pode ser considerada como um clássico do cinema: tanto pela complexidade como pela atuação em si. Daniel Plainview é carente e desacreditado. Ele precisou criar uma armadura para enfrentar o mundo devido a dureza da vida que leva e das várias decepções sofridas. E toda a maneira que ele possui de ver a vida é transmitida ao filho - até um certo momento.

Difícil de conviver, Plainview é muito competitivo. Precisa de alguém para disputar inteligência e poder. Esse é um dos motivos para o futuro empresário não acreditar em Deus: ninguém pode ser mais poderoso e controlador que ele.

Sangue Negro é um filme de qualidade, em todos os sentidos, mas a fotografia, a trilha sonora e a atuação de Daniel Day-Lewis são os grandes destaques. Apesar de toda qualidade, Sangue Negro não consegue prender a atenção do espectador pelas 2 horas e meia de duração. O filme intercala momentos de altos e baixos, o que permite divagações do espectador. Por todos os acertos, o filme recebeu oito indicações ao Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor montagem e melhor direção de arte. E ganhou nas categorias de melhor fotografia, melhor ator.

Sangue Negro (There Will Be Blood)
Estados Unidos - 2007
Direção: Paul Thomas Anderson
Produção: Daniel Lupi, Joanne Sellar e Paul Thomas Anderson
Fotografia: Robert Elswit
Roteiro: Paul Thomas Anderson (baseado no livro de Upton Sinclair
Trilha Sonora: Jonny Greenwood
Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Ciarán Hinds, Dillon Freasier, Kevin J. O'Connor.
Duração: 158 minutos

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