segunda-feira, 14 de junho de 2010

Por Uns Dólares A Mais



Por Uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro In Piu)
Itália, Espanha, Alemanha e Mônaco - 1965
Direção: Sergio Leone

Clint Eastwood (Manco) e Lee Van Cleef (Coronel Douglas Mortimer) são dois pistoleiros que estão atrás do mesmo bandido: El Indio (Gian Maria Volonté). Quando percebem isso, procuram se aliar para capturá-lo; apesar de não ser uma aliança tão confiável.

Em Por Uns Dólares a Mais o estilo de filmar de Leone já é bem mais definido do que em Por Um Punhado de Dólares, apesar de ainda não ter alcançado todo seu potencial de direção. Os planos-sequência e os infinitos closes já aparecem bem mais, dando mais qualidade ao filme. Também há melhoria nas atuações, no caso, de Clint Eastwood: parece que com esse filme, ele, finalmente, marca o seu personagem enigmático que viria a se repetir em tantos outros papéis. Leone também revela, aos poucos, os elementos emocionais que mais utiliza em seus filmes: angústia e tensão, mas sempre com uma dose de bom-humor.

Um dos motivos que permitiu que Leone explorasse mais a fotografia e o movimento de câmeras foi um considerável aumento de orçamento que recebeu após popularizar os western spaghetti.

Sergio Leone é um daqueles diretores que dão um grande passo a cada filme que realizam. E mais importante: sabe como usar todo esse aprendizado, criando uma estética e uma atmosfera única. A Tilogia do Homem Sem Nome é um dos maiores exemplos de rápida superação de um cineasta. Por Um Punhado de Dólares e Por Uns Dólares a Mais culminaram em um dos maiores westerns de todos os tempos: Três Homens Em Conflito. Neste filme sim Sergio Leone mostra suas características com plenitude.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Intriga Internacional



Intriga Internacional (North by Northwest)
Estados Unidos - 1959
Direção: Alfred Hitchcock

Cary Grant interpreta Roger Tornhill, um publicitário que é confundido com um agente secreto. Para provar que é inocente, Tornhill passa por diversas situações perigosas, que culminam em uma perseguição no Monte Rushmore (monumento com o rosto dos 4 presidentes dos Estados Unidos, na Dakota do Sul).

Intriga Internacional é um filme típico de Hitchcock: mantém o suspense até os últimos minutos. É considerado uma de suas melhores produções e aparece em algumas listas como um dos maiores filmes de todos os tempos. Todas as atribuições positivas que recebeu são merecidas.

Logo que o filme começa, qualquer um que conheça um pouco do estilo de Hitchcock, sabe que Intriga Internacional tem todas as características do diretor, inclusive os créditos, que conta com mais uma parceria de Saul Bass.

Intriga Internacional também foi inspiração para diversos filmes, inclusive para as sequências de 007, como afirma o cineasta francês François Truffaut (Os Incompreendidos, Fahrenheit 451), para ele, os filmes do espião James Bond jamais seriam os mesmos sem Intriga Internacional.

Além da inspirada direção de Alfred Hitchcock, a atuação do casal Roger Tornhill (Cary Grant) e Eve (Eva Marie Saint) é totalmente sincronizada. Os dois conseguem deixar o espectador confuso sobre o que é realmente verdade ou não em tudo o que dizem. É notável também a fotografia do filme, principalmente nas cenas do Monte Rushmore e na perseguição de Tornhill por um avião do meio de um campo de milho. Esses dois momentos são considerados uns dos mais famosos na história do cinema.

Intriga Internacional é um filme perfeito: o roteiro não deixa a desejar, as atuações são notáveis, a fotografia é muito expressiva e a direção tem todos os elementos característicos de Alfred Hitchcock. Este filme é mais uma confirmação de que ele realmente merece todas as menções feitas a seu nome.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Jardineiro Fiel



O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener)
Estados Unidos - 2005
Direção: Fernando Meirelles

Antes de ser um filme extremamente interessante, O Jardineiro Fiel situa o espectador em um dos problemas mais polêmicos da África: o lobby da indústria farmacêutica, a exploração da população como "cobaias" para experiências científicas e o alto custo desses remédios, entre eles o coquetel usado contra o vírus da AIDS. Fernando Meirelles conseguiu fazer um filme polêmico, atual e muito dinâmico.

O diplomata Britânico Justin Quayle (Ralph Fiennes) é enviado à África junto com sua esposa Tessa (Rachel Weisz). Ela acaba se tornando uma ativista em prol da população africana e ele precisa continuar trabalhando para o governo, mesmo sabendo de toda podridão que está por trás dessa aliança entre os países. Porém, Justin só consegue acreditar no que a esposa havia descoberto, quando ela é assassinada por ordens do governo local. Nesse momento Justin resolve retomar as atividades da esposa, enfrentando diversos desafios.

Ralph Fiennes e Rachel Weisz estão perfeitos como marido e mulher: ele, representando toda a seriedade de um diplomata, e ela, vivendo todos os seus sonhos e ideais para ajudar a causa que acredita. A relação dos dois vai amadurecendo a cada ano que passam juntos; até mesmo com a morte da esposa, ele continua descobrindo cada dia que passa um lado diferente da personalidade de Tessa.

O Jardineiro Fiel é baseado no livro do autor inglês John Carré e Fernando Meirelles conseguiu fazer um filme de temática essencialmente política, mas sem ficar preso à subjetividades. O problema da indústria farmacêutica é claro. Não há uma tentativa de indicar um país culpado, o que interessa no filme é expor o fato do jeito que ele realmente é, sem se prender em mocinhos e bandidos.

Também é possível retomar várias questões de cunho social com o tema de O Jardineiro Fiel, por exemplo, qual é o valor de uma vida para as grandes empresas da indústria farmacêutica? até onde é possível chegar para alcançar um objetivo? até onde a população pode se informar sem sofrer represálias pelo governo? que tipo de governo temos? entre outros temas. Este é o tipo de filme que deixa o espectador pensando em muitas coisas, até mesmo dias depois de tê-lo assistido.

O Jardineiro Fiel pode ser considerado um Thriller da melhor qualidade. A direção de Fernando Meirelles é impecável: ele dá movimento quando precisa ou diminui o ritmo quando o espectador precisa de mais atenção. Tudo é extremamente bem equilibrado. Então, esse filme é mais uma prova do grande trabalho que o diretor brasileiro vem fazia ao longo de vários anos; além de O Jardineiro Fiel, obteve destaque também na direção de Cidade de Deus (2002) e Ensaio Sobre a Cegueira (2008).