segunda-feira, 19 de julho de 2010

Spartacus



Spartacus (Spartacus)
Estados Unidos - 1960
Direção: Stanley Kubrick

Apesar de não ter sido o primeiro filme de Stanley Kubrick, Spartacus foi a sua primeira grande produção. E grande abrange vários aspectos: a quantidade de figurantes, a longa duração do filme (184 minutos), as memoráveis atuações e o início de várias marcas registradas do diretor, que, obviamente, ainda não estavam completamente consolidadas.

O filme conta a odisséia de Spartacus (Kirk Douglas), um escravo que é comprado por um mercador para entreter multidões como gladiador. O que diferenciava Spartacus dos outros escravos era a vontade inabalável de ser livre e de fazer os outros livres. A partir desse sentimento, ele lidera uma grande fuga em busca da liberdade.

Stanley Kubrick não foi a primeira opção para a direção de Spartacus. Anthony Mann que era o diretor escalado, foi demitido logo no começo das filmagens, dando lugar a Kubrick que tinha apenas 29 anos. Até o término das filmagens o diretor enfrentou alguns problemas com produtores, com Kirk Douglas (que deu um grande apoio ao filme) e até mesmo problemas com o roteiro; talvez por isso o filme não tenha tanto a cara de Kubrick.

Spartacus é considerado até hoje um dos maiores épicos de Hollywood e da história do cinema, tanto pelo renomado elenco (Charles Laughton, Jean Simmons, Tony Curtis, Laurence Olivier etc), como pela trilha sonora, fotografia e, claro, pela direção de Kubrick. Este é um filme que além de explorar movimentos de câmera e vários outros aspectos próprios da linguagem cinematográfica, ainda consegue transmitir ao espectador uma mensagem de liberdade, luta pelos direitos e amor que poucos filmes até hoje foram capazes de fazer.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Amores Brutos



Amores Brutos - Amores Perros
México (2000)
Direção: Alejandro González-Iñárritu

Amores Brutos é um filme de mil sentimentos: quem o assiste intercala momentos de felicidade e realização, com tristezas e frustrações. A diferente narrativa, o grande sentimentalismo (de qualidade) mexicano e as inesquecíveis atuações fazem deste um dos melhores filmes atuais.

Alejando Iñarritu tem no currículo Amores Brutos, 21 Gramas e Babel, todos filmes de ótima qualidade e sempre com algo a acrescentar. Os três filmes possuem a narrativa semelhante: eles fazem parte de um projeto em que o roteiro (de Guillermo Arriaga) intercala três histórias, de pessoas que nunca se viram, mas que no desenvolvimento da trama, parecem ser fundamentais para o rumo que a vida de cada um tomou. Amores Brutos foi o primeiro longa-metragem de Alejandro Iñarritu e já entrou para várias listas como um dos 1000 melhores do mundo.

As três histórias envolvem Ocátivo (Gael Garcia Bernal), dono de um cão de briga; um empresário (Álvaro Guerrero) que se separa da esposa para viver com uma modelo (Goya Toledo) e um mendigo (Emilio Echevarría) que busca ter de volta o amor da filha. Os três núcleos são intercalados, para que se tenha a impressão de que tudo acontece simultaneamente.

Amores Brutos não apresenta fantasia e idealizações, tudo o que acontece na vidas dos personagens é algo que poderia acontecer com qualquer um, o que torna tudo ainda mais fascinante. O filme também foi considerado o primeiro passo para uma verdadeira renovação do cinema mexicano; o último grande reconhecimento do país no aspecto cinematográfico foram os filmes de Luis Buñuel na fase em que esteve por lá, o que corresponde a uns 60 anos.

Amores Brutos é um filme realmente forte e que consegue falar com o espectador de uma maneira muito própria. Este, com certeza, é um dos melhores filmes da geração de novos diretores do mundo. E é impossível esquecer suas cenas, mesmo depois de ter assistido há muito tempo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Capote



Capote (Capote)
Estados Unidos - 2005
Direção: Bennett Miller

Truman Capote foi um dos mais importantes escritores americanos de todos os tempos: começou a escrever aos 17 anos, ganhou vários prêmios importantes de literatura, criou um novo gênero literário e teve várias obras adaptadas para o cinema, entre elas o romance Bonequinha de Luxo. O novo estilo criado por Capote misturava elementos jornalísticos e literários, ficando conhecido como "new journalism".

Mas o filme não tem o objetivo de fazer um apanhado geral sobre a vida do escritor, mas se concentrar em um período de cerca de 10 anos, que é o momento em que ele escreve seu mais famoso e cultuado livro: A Sangue Frio, que relata o assassinato de uma família do interior do Kansas.

O escritor demorou 6 anos apurando os fatos para escrever o livro, que viria a conturbar sua vida pessoal e profissional; após A Sangue Frio, ele nunca mais conseguiu escrever outro livro tão reconhecido. Capote visitou o local do crime, conversou com os vizinhos da família e construiu uma amizade muito forte com Perry Smith, um dos dois assassinos. Existe até especulações sobre um caso de amor entre os dois ao longo dos anos.

A Sangue Frio é um livro cheio de polêmica e o filme consegue retratar isso com bastante eficácia. Fica claro que Capote vê Perry como algo mais que um simples personagem de seu livro, é óbvio o seu envolvimento com a história (Capote não conseguiu manter um distanciamento dos fatos, o que compromete a veracidade de sua obra).

Mas além de explorar todas as polêmicas que cercam o livro, há também a ótima atuação de Phillip Seymour Hoffman, ele realmente consegue imitar todos os jeitos do escritor, inclusive a voz; que chega até ser um pouco irritante. A atuação tão convincente o tornou vencedor do Oscar de 2006 de Melhor Ator.

Não que esse seja um filme inesquecível, mas é interessante assistir a Capote porque ilustra o processo de criação de um livro polêmico e muito aclamado, por fazer um retrato cheio de falhas do personagem principal (e não buscar sua elevação) e pela fotografia intrigante de Adam Kimmel.

sábado, 3 de julho de 2010

A Ceia dos Acusados




A Ceia dos Acusados (The Thin Man)
Estados Unidos - 1934
Direção: : W.S. Van Dyke

Nick Charles (William Powel) é um detetive que está afastado de casos criminais desde que se casou com Nora Charles (Myrna Loy). E assim procurar manter-se até que se vê sem saída para resolver o caso de um magnata que desapareceu. A Ceia dos Acusados deu início a uma série de filmes de "casais detetives", tendo aí talvez o maior motivo para ser considerado uma referência.

A Ceia dos Acusados não foi um filme que permaneceu atual, até porque as tramas que envolvem investigações hoje em dia, em sua maioria, são velozes e contam com muitos recursos tecnológicos. Diferente deste filme da "era de ouro de Hollywood", que aposta na comédia, boas atuações e criatividade para solucionar o desaparecimento.

E por falar em atuações, elas merecem três destaques: William Powel, Myrna Loy e o cão Asta (o cachorro é usado, neste caso, para quebrar alguns momentos de tensão no filme ou apenas como recurso de comédia). Já William Powel é a melhor atuação de A Ceia dos Acusados; sua interpretação de um detetive que procura estar afastado do crime funciona muito bem ao lado de Myrna Loy. Os dois tem um humor muito próprio, com bons diálogos e conversas baseadas, acima de tudo, no sarcasmo. Esta é a principal marca da comédia dos dois. Eles transparecem uma ótima ligação para o espectador e um casamento atípíco: enquanto ele pretende ficar afastado de qualquer problema, a esposa o influencia a todo momento a retormar a vida de detetive, inclusive o ajudando na solução do caso.

Mas o verdadeiro clímax do filme está na cena final, assim como em inúmeras produções que seguiriam este filme, e que explica o porque da escolha deste nome na tradução: Nick, na dúvida de quem é o culpado, resolve juntar todos os suspeitos em um jantar e deixá-los cara a cara com suas mentiras.

A Ceia dos Acusados é uma comédia deliciosa. É o retrato de uma época muito marcante do cinema, um período em que os filmes americano explodiam em referências para diretores no mundo todo. E vale a pena assistir por ter a trama baseada nas histórias de Dashiell Hammett, o mesmo que inspirou o roteiro de "Falcão Maltês", um clássico filme noir. E para se divertir assistindo uma comédia leve, interessante e de qualidade.