quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Anjo Exterminador




O Anjo Exterminador (El Angel Exterminador)
México - 1962
Direção: Luis Buñuel

Talvez O Anjo Exterminador seja o exemplo máximo daquilo que pode ser chamado de filme surrealista e a obra prima do diretor Luis Buñuel. E como exemplo de sua configuração neste movimento do cinema, o diretor não interpreta a realidade como tal, mas a transforma. Nos filmes surrealista o sentido não é um objetivo, mas pode ser uma consequência do efeito das imagens no espectador.
Luis Buñuel passou a maior parte de sua vida inserido nessa estética. Além de O Anjo Exterminador, dois de seus filmes mais famosos exemplificam essa "fuga da realidade": A Idade do Ouro e Um Cão Andaluz. Nestes dois casos as imagens são provenientes de sonhos do artista Salvador Dalí, que Buñuel levou para as telas.
A princípio a trama de O Anjo Exterminador parece simples: um casal resolve dar uma festa para vários amigos em sua casa. Porém, a festa vai chegando ao fim e nenhum deles consegue sair do local. Mas é aí que nota-se a forma brilhante como Buñuel conduz o filme.
Logo na primeira cena os empregados, sem motivo aparente, fazem de tudo pra sair da casa, deixando seus patrões na mão. Só um deles, o mais obediente, resiste e fica para trabalhar na festa.
Conforme os dias vão passando, os convidados não conseguem sair da casa e começam a ficar apavorados com a ideia de passar o resto de seus dias dentro daquele local. A partir daí eles pensam em suas famílias, na comida e na água que vão acabar, no que está acontecendo fora daquele mundo e outras coisas. É neste momento em que os convidados mudam radicalmente seus comportamentos: vão da nobreza ao comportamento animalesco. Aí está a principal crítica do diretor à sociedade. Percebe-se a degradação daqueles que forjavam máscara e enquadravam-se em convenções sociais. A mundança de personalidade dos personagens são tão fortes, que o espectador esquece, por alguns momentos, de se perguntar o que faz aquelas pessoas não tomarem nenhuma atitude para sair da casa. E com o tempo, nota-se que este não é realmente o principal foco do filme, mas sim, a crítica à sociedade.
Outra crítica do diretor é ao catolicismo. Como na maioria de seus filmes, a Igreja não poderia deixar de ser alvo de especulações por parte de Buñuel.
Com certeza essa é uma obra que possibilita o espectador a conhecer as principais características da obra de Buñuel e os principais elementos do movimento surrealista.

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