quinta-feira, 12 de maio de 2011

Guerra ao Terror




Quando a lista dos indicados ao Oscar de Melhor Filme de 2010 foi divulgada, a imprensa deu mais importância ao fato de Kathryn Bigelow, que concorria com "Guerra ao Terror", e James Cameron, que concorria com "Avatar", terem sido casados. Além de competirem pelo prêmio principal, os dois cineastas também foram indicados para várias categorias em comum. O fato é que a imprensa, por um bom tempo, deu mais destaque a antiga relação conjugal dos diretores que as próprias obras em si.

Enquanto "Avatar" investia em tecnologia e filmar aquilo que já havia sido visto, "Guerra ao Terror" mostrava uma nova face da guerra. Sem a grandiosidade spielberguiana, mas com um cuidadoso realismo, Kathryn Bigelow mostra a guerra como uma droga; não no sentido de ser dolorosa, mas sim no âmbito de ser viciante.

A apenas 38 dias de voltar para casa, o sargento William James (Jeremy Renner) é enviado para integrar o esquadrão anti-bombas do exército americano. O sangue-frio do sargento gera alguns desentendimentos com os outros integrantes do grupo, que o consideram descuidado e irresponsável. Apesar dos perigos, eles seguem realizando a missão, sabendo que um dia de trabalho bem feito, é um dia a mais de vida.

Kathryn Bigelow escolheu retratar soldados que salvam vidas, no lugar de soldados que matam. O esquadrão anti-bombas atua junto à sociedade civil do Iraque. Eles trabalham perto de residências, shoppings e ruas movimentadas do país, o que significa que além de ter cuidado com a própria vida, eles precisam ser mais cuidadosos ainda com a vida dos outros.

A grande sustentação de "Guerra ao Terror" é o momento de tensão que precede a tentativa de desarmar as bombas; até porque antes de ser um filme de ação, a produção é um ótimo drama. É verdade que os filmes sobre as guerras americanas já se tornaram quase um gênero no país, mas "Guerra ao Terror" é, realmente, diferente de tudo que vem sendo feito. Seja pela escolha de abordar a guerra sem o glamour e a romantização geralmente imposta pelos diretores ou pela opção de filmar com o maior realismo possível.

Para dar a mais perfeita ideia de realidade ao espectador, o diretor de fotografia Barry Ackroyd realizou um belo trabalho fotográfico e de câmeras. Quem assiste "Guerra ao Terror" tem a sensação de estar no meio do Iraque, envolto pela quentura e aridez do país. Ackroyd também faz da câmera os olhos dos personagens, o que enfatiza ainda mais o suspense do filme.

"Guerra ao Terror" é um filme muito interessante, que leva ao público uma outra ideia do que é a guerra de verdade. Também é uma ótima oportunidade para ver um belo trabalho de fotografia, que busca aproximar a plateia da tensão que aqueles que são convocados para "defender o país" passam diariamante.


Ficha Técnica:

Guerra ao Terror (The Hurt Locker)
Estados Unidos - 2008
Direção: Kathryn Bigelow
Produção: Kathryn Bigelow, Mark Boal e Nicolas Chartier
Roteiro: Mark Boal
Fotografia: Barry Ackroyd
Trilha Sonora: Marco Beltrami e Buck Sanders
Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Bruan Geraghty, Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse, Evangeline Lilly
Duração: 113 minutos

Um comentário:

  1. Não mereceu o Oscar, mas é inegavelmente um grande filme, tenso e realista, roteiro muito bem estruturado, direção precisa, e ótimas atuações.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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