A idéia do filme no início, era retratar a rotina do mais famoso palhaço de Nova York. Até que o diretor Andrew Jarecki descobriu que ele se tratava de David Friedman. Na hora, ocorreu a relação: o palhaço era filho de Arnold Friedman, um professor de informática, e irmão de Jesse Friedman, ambos acusados de abusar sexualmente de menores. O caso chocou os Estados Unidos e teve ampla repercussão nos anos 80.
O caso dos Friedmans é um daqueles que nunca ninguém vai saber o que realmente aconteceu. E esse é o ponto principal do diretor: o tempo todo durante o filme, ele faz questão de mostrar os pontos de vista de defesa e de acusação. Com isso, permite que as duas versões "anulem-se" e faz o espectador ficar perdido, sem saber o que acreditar.
Além de implantar a dúvida, é mostrado também como a família foi se deteriorando, conforme o caso avançava. O diferencial deste documentário para os outros é a possibilidade de mostrar, sem atuações, as brigas familiares. Os irmãos filmavam todas as brigas que aconteceram durante a acusação até o julgamento. O que permitiu ao diretor ter um amplo acesso ao que acontecia com os Friedmans.
O que de início era um documentário sobre um famoso palhaço, tornou-se uma verdadeira investigação sobre uma família e sua desestruturação. Mas, acima de tudo, é uma perfeita reflexão sobre o que a mídia pode fazer com os nossos pontos de vista, como ela pode mudar aquilo que tomamos como "verdade".
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